domingo, 24 de outubro de 2010

Escreve Deus direito por linhas americanas

Ontem, e por divina força do Espírito Santo recebi uma criatura que ostentava um nome inenarrável e que, até que me provem o contrário, foi retirado à força da série norte-americana Big Bang Theory.
Depois de ter demonstrado facialmente o seu descontentamento pelo facto de eu não estar à espera dele 5 horas antes da hora marcada (do you guys really care about that? - referindo-se ao campo em que se preenche a possível hora de chegada), prosseguiu num tom macarrónico originário do outro lado do oceano (vulgos Estados Unidos) sobre as deficiências dos sistemas europeus. Dos transportes aos serviços turísticos, passando, claro está, pelo tenebroso sistema que tenho aqui no hostel, transformando as extintas casernas da Escola Prática de Cavalaria de Santarém num paraíso terrestre, creio que nada terá escapado.
Depois de me ter feito uma série de perguntas sobre a cidade e as suas ofertas turísticas, apenas como exercício para refutar e comparar as minhas respostas com as do Turismo de Lisboa, abandonei-o à triste sorte de turista americano sozinho e independente na pequena metrópole colonial que é esta nossa capital.
Ao chegar a casa tinha uma cara levemente mais abócrina que a inicial, não hesitando em descrever como o tinham "ripped off" em Lisboa. 19€ por um jantar de carne de porco à alentejana numa adega ribatejana no bairro alto, 15€ numa casa de fado onde todos os cantores lhe tentaram vender cds de forma insistente, um passeio a pé por um bairro alto ainda adormecido às 21h (no one in the bars...) e um regresso a pé até à Graça por ter ignorado o conselho de que o 28 é um transporte seguro.
Sendo que o jovem em questão estudará em Madrid nos próximos 3 meses, cheira-me que terá uma passagem ibérica bastante complicada.
Até porque cada qual tem aquilo que pede. E os ibéricos nunca hesitam em fazê-lo.


PS - Depois de me ter questionado hoje sobre a segurança de deixar o seu passaporte americano no hostel, não contive um sorriso de experimentado ribatejano, dizendo-lhe que tal passaporte não valia grande coisa numa Europa comunitária, embora a perspectiva de fazer dinheiro no Martim Moniz nunca me deixe de aliciar

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