Durante tempos alimentei uma fantasia secreta de ir a caminhar por uma qualquer rua do mundo e tropecar acidentalmente com Eduardo Galeano. A fantasia foi crescendo quando soube que ele costumava aparecer sem grandes avisos nem publicidades, tal como o fez na acampada em Barcelona (vd. vídeo).
Isto fez-me comecar a olhar para as pessoas com quem me cruzo todos os dias onde quer que seja de outro modo numa busca cega e incessante de o conhecer pessoalmente.
Entretanto fui continuando a conhece-lo de forma literária e por vezes quase obsessiva, como o faco com todas as paixoes.
Na parede do hostel em Lisboa e posteriormente na do café em Hamburgo um pequeno texto idílico dele figurou na parede como uma das mais importantes referencias da minha vida, presente a quase todos os instantes.
Tal como se faz a alguém de quem muito se gosta, apresentei-o às pessoas de quem mais gosto e que me sao importantes.
A cada novo livro seu senti uma excitacao tremenda como se fosse reencontrar o melhor dos meus amigos. durante a sua leitura o meu coracao sorria de emocao com as licoes de humanidade e visoes poéticas de um mundo que nem sempre o consegue ser assim tao agradável. Com ele sorri, chorei, cresceu-me raiva no peito, senti ansiedade, sonhei.
O que me ensinou foi quase tanto como o que os melhores do meus amigos me ensinaram e por isso ontem nao consegui conter o choque quando recebi a primeira mensagem a informar-me de que tinha falecido. A essa primeira mensagem seguiram-se outras a dizer que se tinham inevitavelmente lembrado de mim e de todos eles recebi os votos de um luto sentido, pois no fundo, ontem houve uma parte de mim que morreu.
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