Esperando o metro
às vezes me soa
que a soma das vozes
à minha volta
é igual ao portugues
silencioso da minha terra natal
(em santarém nao se chega nunca
a falar,
murmura-se apenas).
Sinto um cochicho de ondas a descerem-me o pescoco
causando aquele arrepio
no qual me costumava aconchegar
quando aprendia os significados
da vida à minha volta.
Entrando na carruagem que
me leva a destinos que
decifro cada vez mais,
fecho os olhos e
ignoro as pessoas à minha volta
como se de bons amigos se tratassem.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Heimat stadt
Uma das obsessões das germânicas gentes prende-se com o conceito de heimat stadt. Claro está que poderia ser um querido e traduzi-lo directamente para português com um cidade natal mas, como muitos tradutores o saberão e poderão sabiamente afiançar, o poder do significado nem sempre é igual. Tirando o facto de que penso sempre em cidade natal como o sítio onde celebrei o último natal, o conceito de heimat stadt para os alemães é algo que os transporta para um sem número de ideias pré-feitas capaz de me excluir directamente dos 11 eleitos para figurar na equipa da semana pese embora tenha assinado um hat-trick e uma exibição de alto nível.
Tendo o café onde as minhas ossadas pousam dia após dia uma série de fotografias na parede a fim de fazer exercitar as mentes dos que aqui ousam entrar, claro está que já me perguntaram se alguma delas correspondia à minha heimat stadt. Sim, respondi eu a uma senhora de alguma idade. Esta, apontei. Recebi um sorriso aprovador com aquele sentimento paternalista que só um alemão consegue conceder em relação a um nativo do sul da Europa. Ah, e esta, disse apontando para uma fotografia de Varsóvia a preto e branco com um Trabi estacionado em frente de um prédio de outros tempos. Como boa alemã, a senhora não conseguiu esconder alguma estranheza e antes mesmo que conseguisse reagir, apontei para uma outra que tirei no Tarrafal. E para uma em Lisboa. E logo outra em Hamburgo.
Perante tamanha oferta de locais ela pediu a conta e deixou-me com esta profunda ideia de que a minha heimat stadt não é Santarém, mas sim essa mistura quase infinita de sítios por onde já passei e que me marcaram de forma indelével.
Tentei explicar isto. Ela deu gorjeta e saíu.
Na semana seguinte regressaria ao café com um sorriso estranho estampado no rosto quase me dando vontade de lhe perguntar qual é que era a sua heimat stadt.
Tendo o café onde as minhas ossadas pousam dia após dia uma série de fotografias na parede a fim de fazer exercitar as mentes dos que aqui ousam entrar, claro está que já me perguntaram se alguma delas correspondia à minha heimat stadt. Sim, respondi eu a uma senhora de alguma idade. Esta, apontei. Recebi um sorriso aprovador com aquele sentimento paternalista que só um alemão consegue conceder em relação a um nativo do sul da Europa. Ah, e esta, disse apontando para uma fotografia de Varsóvia a preto e branco com um Trabi estacionado em frente de um prédio de outros tempos. Como boa alemã, a senhora não conseguiu esconder alguma estranheza e antes mesmo que conseguisse reagir, apontei para uma outra que tirei no Tarrafal. E para uma em Lisboa. E logo outra em Hamburgo.
Perante tamanha oferta de locais ela pediu a conta e deixou-me com esta profunda ideia de que a minha heimat stadt não é Santarém, mas sim essa mistura quase infinita de sítios por onde já passei e que me marcaram de forma indelével.
Tentei explicar isto. Ela deu gorjeta e saíu.
Na semana seguinte regressaria ao café com um sorriso estranho estampado no rosto quase me dando vontade de lhe perguntar qual é que era a sua heimat stadt.
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