Tal como tenho vindo aqui a descrever, os nativos são capazes de gritar furiosamente quando um peão passa um sinal vermelho e elogiar a tenacidade dos condutores que o fazem com aparente desprezo pela vida humana. Bebem cerveja na entrada das estações de metro e têm bandeiras de piratas nas janelas, que também podem ser identificadas com um clube de futebol local.
Foi, pois, com algum temor que no outro dia ouvi música na rua. Embora estivesse numa pequena aldeia aparentemente perdida na Saxónia creio que tudo é de se esperar vindo destas gentes.
Com a cautela necessária fui até à janela da casa onde estava e eis que me deparo com uma enorme árvore a ser carregada num tractor pelas ruas da aldeia. A circundá-la ia uma pequena horda de mocidade em idade de fazer coisas mais úteis do que beber cerveja em público. Muitas outras pessoas seguiam o curioso cortejo com máquinas fotográficas enquanto moviam os corpos numa forma também conhecida como dança.
Não escondendo uma certa curiosidade infantil, muni-me dos instrumentos necessários e resolvi ir averiguar com genuíno interesse antropológico esta manifestação de cultura indígena e partilhá-la com os meus conterrâneos e não só.
Junto ao único tasco da terra os jovens envergando trajes curiosos quase capazes de fazer inveja às gentes da Bavária resolveram erguer a árvore entre gritos de Zu... gleich! e pausas estratégicas para a degustação de cerveja. Isto aqui não há Isostar para ninguém! A cerveja representa para estas gentes fonte de vida e inspiração nos momentos mais complicados.
Uma vez erguida a árvore ouviu-se um pouco mais da música local, bebeu-se cerveja e eu afastei-me com o nítido receio de que, mais dia menos dia, me atem uma árvore aqui a casa.
Deixo-vos um singelo vídeo captado em condições complicadas e quase que puseram em risco a minha vida.