22 horas. O meu corpo queixava-se ainda dos ruídos imensos das 200 mil pessoas que infernizaram a vida a condutores de fim de semana mais incautos que não sabiam que julgam que tudo vai bem no país enquanto a gasolina não passar a barreira simbólica dos 5€/litro.
Eis-me então no hostel, quando vejo um grupo de coreanas a entrarem na sua ordeira fila indiana. Até aí, nada de extraordinário ou incomum. Incomum foi ver uma delas a separar-se do grupo, assim desrespeitando as mais básicas regras de procedimento em caso de incêndio. Quando lhe perguntei se estava tudo bem, respondeu de forma ordeira que lhe tinham roubado a carteira no 28 e que tinha acabado de receber uma mensagem no facebook de um polícia português a dizer que a tinha encontrado.
Arregalei os olhos tanto ou mais como qualquer um de nós o possa fazer perante tal afirmação. Confesso que duvidei, mas uma vez que liguei e fui atendido por uma profissional voz a dizer: Esquadra da Murranhanha , boa noite, fala o agente Zé Manel (os nomes quase que foram alterados para evitar qualquer semelhança com a realidade)
Aí caíu-me tudo. Um agente português, ao ver-se a braços com um bi coreano, vai de fazer uma pesquisa no facebook e enviar mensagem a uma senhora coreana a dizer que tinha encontrado a carteira dela, sendo que ela podia ir à esquadra em questão levantar os documentos.
Sendo já de noite, a coreana em questão perguntou-me em quanto lhe ficaria ir até à dita esquadra de taxi. Tendo-lhe respondido que seria algo entre 10 a 15€, ela afirmou perentoriamente que comunicasse ao senhor agente que podia deixar estar, que já tinha gasto o dinheiro que tinha previsto gastar em Lisboa.
Conclusões:
a) o sistema burocrático coreano deve ser bem mais eficaz e barato que o português
b) se os nossos governantes tivessem esta perseverança financeira, não haveria tanta derrapagem orçamental
c) tirem e partilhem as vossas próprias conclusões que eu acho que não consigo mais