"I don't do it for the marks, (...) I do it for the enjoyment." Alice Munro
Boa, boa, pensei! Aqui está uma citação nobelizada a provar que é possível estudar-se apenas pelo prazer de se saber mais. Mesmo aquilo que me vinha a calhar para introduzir numa discussão sobre o ritmo germânico de vida que, mais que qualquer outra coisa, é um ritmo financeiro.
Optimizar é, por definição, uma das palavras que mais tenho ouvido e à qual maior referência estas germânicas gentes fazem. Desde a mais tenra idade que são incitados a ser melhores do que o semelhante de forma a conseguirem vingar numa sociedade que lentamente se tem vindo a tornar implacável.
Tudo bem até um certo ponto. Acredito piamente que há sempre espaço para a aprendizagem contínua e que essa mesma aprendizagem nos conduzirá a melhores e mais civilizados tempos. Contudo, creio que não é isso que tem vindo a acontecer. Este ritmo e competitividade visam, no meu parecer míope, causar o efeito contrário acabando sempre inevitavelmente por se traduzir nas mais pequenas coisas da vida como o atropelar para se entrar no autocarro ou o passar à frente de velhotas com dificuldades na fila do supermercado.
A palavra prazer tem vindo lentamente a ser retirada ou banalizada como algo obsoleto e que não se encaixa numa vida optimizada. Como diria uma contadora de estórias que por aqui tem vindo a passar: os alemães típicos calculam quatro horas de tempo livre por dia. Sendo um número tão reduzido de tempo livre, não hesitam em programar uma hora para actividade física, uma para aprender algo mais que os poderá fazer destacar em relação aos colegas de trabalho, uma para jantar e uma outra para se divertirem. Mas apenas uma. Com início e fim bem demarcados. E é bom que seja bem aproveitada.
Na louca correria por se conseguir cada vez mais sinto que estamos terrivelmente a tornar-nos cada vez menos pessoas.
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