"I'm beginning to see that our appetite for books is the same as our
appetite for food, that our brain tells us when we need the literary
equivalent of salads, or chocolate, or meat and potatoes." - Nick Hornby
Agora que nos estamos a aproximar o fim do ano, começam a surgir as listas. Os melhores livros, os melhores álbuns, os melhores filmes, as melhores gafes, os melhores ou mais marcantes momentos, etc, etc... Cansa. Cansa muito.
Mas por muito que sempre questione os senhores que elaboram as listas e a sua autoridade moral, confesso-me um viciado incontrolável e, quando ninguém está a ver, lá vou eu dar uma espreitadela e reconhecer a minha ignorância ao aperceber-me que mais um ano passou e não li/ouvi/vi nem metade do que de bom foi feito. Na realidade os meus números costumam cifrar-se nos 32%, mas isso já são outras estórias que poderão revelar em mim um geek em potência.
Talvez, arranjo eu como desculpa, eu não seja assim tão mainstream. Mas muitas das listas que consulto também não o são. Ou pelo menos pretendem não o ser. Nos tempos em que lia a Ípsilon como quem lê a Bíblia em fascículos semanais os meus números eram melhores. A paixão da Ípsilon com o B Fachada deitou tudo a perder e acabei por me dedicar a outras fontes renegando o suplemento que me acompanhava o almoço de todas as sextas.
Estando por terras germânicas e a beber de fontes variadas nos mais diversos idiomas numa esquizofrenia sem igual, a questão das listas começa-se a tornar incómoda. Ou leio o que me anunciam as listas ou o que me recomendam as inúmeras pessoas interessantes com quem me cruzo e que me apresentam novos mundos. Ou oiço os álbuns do ano em Portugal ou o que se está a fazer na Alemanha. Ou em França (confesso que ainda um dia hei-de perceber que raio de paixão é esta que os alemães têm com a cultura francófona).
Mas esta nem é a questão principal.
O que todas estas coisas têm em comum é o facto de fazerem crescer em mim uma fome tal que só poderá ser resolvida num período de isolamento autista com o meu disco externo cheio de música e uma cabana de 27 metros quadrados com as paredes repletas de livros e 12 moleskines para ir tomando notas aleatórias sem qualquer ligação entre si. Peço três meses. Duas paletes com uma selecção cuidada de vinhos do Douro e Alentejo. Uma linha de entrega directa de tabaco para o narguilé feito de forma rigorosa pelo senhor que tem a loja egípcia em Wandsbeker Chaussee.
Peço pouco que sou pessoa simples, mas com uma fome desgraçada (no seguimento da citação com que se inicia este post)
OK, eu alugo a cabana ao lado. Mas sou mais exigente: quero seis meses! beijinhos
ResponderEliminarJá penso num negócio de alugar cabanas...
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