quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Bella ciao

Estando eu posto em sossego a ler, dou com um italiano entretido a desfazer um efeito de natal que por aqui tem andado a fazer companhia aos transeuntes.
De forma aprumada e algo descarada ia arrancando uns fios de ráfia que circundam um catita homem de neve.
Quando questionado sobre o porquê, respondeu de forma honesta que precisava deles, assim continuando a arrancar.
Enquanto dava voltas com desses fios a uma concha que tinha mão, fui obrigado a perguntar-lhe se ele achava aquela atitude minimamente normal, até porque estava a destruir património que não era dele.
Fazendo ele aquela cara típica de quem acha que o mundo nasceu em Roma e que o italiano é a língua mais comummente falada e escrita em todo o universo (estudos recentes indicam que os contactos alienígenas até hoje realizados foram todos feitos em italiano brandindo ao alto réplicas do Berlusconi assim evitando possíveis invasões do nosso planeta), respondeu-me que precisa dos fios e levou ao alto a concha que tinha na mão.
De forma piedosa menti-lhe dizendo que o enfeite não era meu e que tinha que o devolver de forma mais ou menos inteira, ao que ele se apressou a lançar fio de ráfia solta sobre a estrutura, a passar a mão como quem acaricia um cão e a encolher os ombros, lamentando a sua triste sorte, pois tão precisava daquele pedaço de ráfia.
Lamento meu bom amigo, mas estes dias que por aí andam não são fáceis para ninguém...

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